quinta-feira, 29 de julho de 2010

Conferência FNAC

1 AGOSTO - 17H00 - FNAC MATOSINHOS/ MATOSINHOS Conferência de Imprensa com a presença do Ex.MO VEREADOR da Câmara Municipal de Amarante e o Director Artístico da edição 2010 C'os Diabos! Diabos à solta em Amarante, Nuno Paulino, dramaturgo urbano fundador da ARTELIER? - Teatro de Rua.

Disponibilizamos os nossos contactos para eventuais entrevistas, reportagens em Televisões, Jornais, Revistas e Rádios.

Flyer


A IV Edição contará com a participação de grupos locais na figuração do espectáculo Diabos à solta Teatro Multimédia: grupo de bombos, grupos de teatro, folclore, associações de canoagem, grupos corais e tunas. Na procissão dos diabos, os populares irão participar de forma organizada e espontânea. A organização terá uma plataforma para caracterizar os diabos de última hora.

Cartaz


Diabos de Amarante 2010

Diabos à Solta em Amarante a 22 de Agosto2010-06-10 18:11 Na noite de 22 para 23 de Agosto, os diabos vão andar à solta em Amarante, numa recriação da tradição, recuperada pela autarquia, que procura evocar os “Diabos de Amarante”, figuras de veneração popular.

Veste a pele dos DIABOS e junta-te a nós!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Inscrições

Inscrições em www.diabosamarante.pt.to

Diabos de Amarante 2009











Programa

22H00 - PROCISSÃO DOS DIABOS

22H45 - Espectáculo DIABOS À SOLTA Teatro Multimédia Pirotecnia,
Projecções de Vídeo, Performance Aérea sob a direcção artística de NUNO
PAULINO, dramaturgo urbano fundador da ARTELIER? - TEATRO DE RUA

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: Grupos de Bombos, Dança, Teatro, Grupos Corais,
Folclore e Canoagem de Amarante

00h00 - Entrega de Prémios CONCURSO DOS DIABOS: FREGUESIA DOS DIABOS,
ASSOCIAÇÃO ENDIABRADA, CASAL DE MAFARRICOS e SOU DOS DIABOS

00H30 - Baile dos Mafarricos - Festa Tecnopimba

02H00 - Afterparty Bares e Esplanadas Rio Tâmega

Chamada dos Diabos

A Artelier? - Companhia das Artes de Animação e do Teatro de Rua em Co-produção com a estrutura Urban FolK ( Festival para as Novas Tradições ) a convite da Câmara Municipal de Amarante, entidade organizadora e promotora da edição 2010 C'os Diabos ! diabos à solta em Amarante, convoca-o a participar, festejando com um visual renovado, e com dinamica de participação dos grupos locais aumentada e valorizada. nesta que será a melhor festa de sempre.

Este ano a festa é metade Tecnologia, Fogo, Multimédia, e metade Folclore , Bombos, Luzes, pirotecnia , desfiles de Associações e de mascarados, com um final Surpresa Multimédia interactivo onde todo o Público poderá participar...


Vamos todos festejar na noite do dia 22 para 23 de Agosto!... a festa é a rua, e centenas de pessoas irão compor um grandioso quadro vivo, memorável num ritual festivo em honra das figuras seculares, casal de diabos maffaricos, que em conjunto com a pululação vão continuar a celebrar esta tradição acada ano renovada e fortalecida, DIABOS À SOLTA EM AMARANTE 2010, sob a direcção artística do Dramaturgo Urbano Nuno Paulino director artistico da Artelier? teatro de rua , especializado na dramaturgia da festa popular.

Objectivos

-Encenar a história do «diabo e da diaba» em Amarante, fazer participar os grupos locais, envolver a população na estória antes, durante e depois

-Renovar a tradição garantido viabilidade ao projecto de identidade cultural, conceito cénico e ciclo de visitação de «turistas» «curiosos» e novos «fãs»

-Fomentar novo público e novas oportunidades na região.

-Valorizar a tradição oral contemporânea, as expressões pitorescas e o imaginário popular, enaltecer as paisagens sonoras da festa e da vida ( ecologia urbana _a cidade.)


-Devolver a recolha (material existente sobre a festividade_ herança) com nova roupagem estética que sirva o guião, e a dramaturgia, constituindo se ela própria como _interprete para as dimensões possíveis da identidade(s) produzida hoje no contexto local e internacional.

-Reparar o movimento e a gestualidade popular, a memória do gesto, o património do movimento, de forma a constituir o publico em actor, o espec|a|ctor , entidade performativa e operacional no envolvimento do jogo do actor e força da dramaturgia (través do envolvimento de figurantes e figuração especial).

-O espect|actor, participante na dramaturgia da festa, acto para o desenvolvimento de uma identidade colectiva para as novas tradições (público em geral).

Envolvimento Comunitário

- FIGURAÇÃO ESPECIAL: grupos de dança, teatro, bombos, folclore, grupos corais e canoagem

- I CONCURSO DOS DIABOS: PRÉMIOSFreguesia dos Diabos ; Associaçâo Endiabrada ; Melhor Casal de Mafarricos em Desfile ; Maior Grupo de Mascarados

- DIABOS DO DIA: Diabos a serem pintados no próprio dia, numa plataforma a instalar no local

- ANJOS DOS DIABOS: constituição de um núcleo de voluntariado local de apoio à organização do evento

Sinopse

O acto parateatral popular “diabo e diaba ” é uma encenação comunitária que cumpre com uma estrutura em forma de desfile encenado com diferentes “carroças”ou máquinas de cena, blocos de figurantes ou actores, profissionais ou participantes voluntários, que desfilando percorrem a rua principal até chegarem ao largo principal para aí juntando o público-espectador, levar em cena uma montagem enérgica, inovadora e profissional, interpretando de forma aberta mas perfeitamente perceptível “que conta a historia precisa” dos diabos de Amarante, através de meios clássicos, narrador, actores, figurantes e cenografia, mas absolutamente inovador, radical e insólito do ponto de vista da dramaturgia, encenação e conteúdo dos mesmos, salientando-se um palco não convencional constituído por duas torres unidas por uma passerelle que permite “elevação”e visibilidade, a iluminação tem como base fogo e efeitos especiais, e um projecto multimédia com vj (mistura de vídeo) e projecções da responsabilidade do realizador Tiago Pereira ( Mandrake; documentário sobre as praticas e superstições, mesinhas, as projecções vídeo em grande formato (nas paredes do Edifício Religioso) .

Para Saber +

Augusto CASIMIRO – Igreja e convento de S. Gonçalo. “Guia de Portugal”. 2ª ed. S.l.: Fund. Calouste Gulbenkian, 1985. vol. 4 (Douro Litoral), p.583.
Teixeira de PASCOAES – Os diabos de Amarante. “Marânus. Antologia de textos sobre Amarante: a terra e as gentes” (org. e pref. António CARDOSO). Amarante: Câmara Municipal, 1979. p. 77-79.
Carlos TEIXEIRA – “O Diabo e a Diaba de Amarante”. Amarante, 2000. (trabalho inédito disponível no Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso)
Projecto Geira – “Museu Amadeo de Souza Cardoso” in http://www.geira.pt/museus.

Onde Comer?

Amarante é terra onde se come bem. E há muito por onde escolher. Incontornáveis são, obviamente, os doces de ovos que o visitante encontra (e devora) com grande facilidade a poucos minutos do Museu Municipal, em diversas confeitarias do outro lado da ponte de S. Gonçalo.
Contudo, e depois de tantos “diabos”, a nossa sugestão vai para uma conveniente “subida aos céus”: o restaurante da Pousada de S. Gonçalo. Localizada num local alto e privilegiado, na antiga e demorada estrada que sobe a serra do Marão e liga Amarante a Vila Real, à Pousada acede-se hoje em poucos minutos graças ao IP4. Do restaurante desfruta-se uma desafogada, saudável e fantástica panorâmica sobre a serra e o vale, que abre ainda mais o apetite para os óptimos pratos de cozinha regional que aqui são servidos. Recomendamos a truta recheada com presunto.
E porque o diabo anda sempre à espreita, para o visitante que não queira ser surpreendido por alguma das artimanhas do demo (ou queira apenas reservar mesa) aqui deixamos o contacto da Pousada: tel. 255 461113.

Como Ver?

Para se poder contemplar os “Diabos de Amarante” há, pois, que aceder ao Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso. Os horários de visita são de terça a domingo das 10h às 12h30m e das 14h às 17h30m, encerrando às segundas-feiras, dias santos e feriados. A entrada normal custa 200 escudos, havendo entrada gratuita e preços reduzidos para públicos e grupos especiais, nomeadamente os escolares. Caso o visitante deseje estabelecer um contacto prévio, o número de telefone é o 255 420233.

Mas não se fique pelos “diabos”. Já que aqui se encontra não deixe de visitar este Museu criado em 1947. Do seu acervo, que inclui mobiliário, iconografia popular e um núcleo de arqueologia do concelho, destacam-se as suas importantes colecções de pintura, nomeadamente de autores portugueses contemporâneos. Entre elas salientam-se as várias dezenas de telas de um dos mais ilustres filhos da terra: Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), a principal referência do Museu, um dos grandes nomes da Modernidade em Portugal e provavelmente o mais importante pintor português da primeira metade do século XX. Através da análise da sua obra torna-se possível fazer uma pedagógica viagem pelas grandes correntes artísticas que marcaram o século. Com efeito os trabalhos de Amadeo são não só bastante percursores no que ao Cubismo e à Abstracção diz respeito, mas evidenciam também o Futurismo e o Expressionismo, e até o Dadaísmo e seus absurdos.

Como Chegar?

O casal de diabos de Amarante está exposto no Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, localizado na Alameda Teixeira de Pascoaes, em pleno coração de Amarante. De resto, o Museu faz parte do conjunto monumental do centro da cidade, uma vez que está instalado no antigo Convento Dominicano de S. Gonçalo de Amarante, do qual fazia parte a emblemática igreja dedicada aquele santo, cuja sacristia serviu durante anos de residência aquelas figuras diabólicas. Para quem se desloca de carro o aparcamento é possível nas áreas imediatamente envolventes ao Museu.

História

UMA HISTÓRIA DOS DIABOS

Venerados e temidos, vestidos de frades ou visíveis em toda a sua diabólica e indecente aparência, queimados e renascidos das cinzas, objecto de culto e excomungados, vendidos e comprados, fechados em escuras arrecadações ou expostos em Londres e Paris, desprezados e recebidos em festa pela população... Eis uma história dos diabos. A história de umas esculturas em madeira representando um casal de demónios às quais os habitantes de Amarante vêm prestando, desde há séculos, uma especial atenção e carinho. Não vá o diabo tecê-las...

“De bem com Deus e com o Diabo” – eis uma máxima que o espírito pragmático das gentes do Norte de Portugal correntemente utilizou ao longo dos tempos. Alguma atenção ao demo, para que este “os não impeça”, foi sempre frequente, sendo disso exemplo as ofertas que se fazem à representação do demónio na capela de S. João d’Arga (Serra d’Arga, Caminha) ou diversas manifestações que ocorrem em diferentes locais a 24 de Agosto, dia em que segundo a tradição “o diabo anda à solta”. Dificilmente, no entanto, encontraremos caso mais paradigmático do que o do casal de “diabos” de Amarante – umas esculturas em madeira que não só permaneceram no interior da afamada igreja de S. Gonçalo durante imensos anos, como eram objecto de oferendas e de práticas muito pouco canónicas.
E era exactamente a 24 de Agosto, numa tradição hoje completamente esquecida em Amarante, que os “diabos” eram mais procurados. Nesse dia, quase feriado na vila, entre diversas manifestações e festas, os “diabos” eram objecto de particular atenção e multiplicavam-se-lhes as ofertas.
As origens do “diabo” e da “diaba” são obscuras e perdem-se no tempo. Um estudo recente de Carlos Teixeira defende a hipótese, no mínimo sedutora, de que aquelas imagens, com características sexuais fortemente vincadas, fossem originalmente indianas e estivessem relacionadas com cultos de fertilidade dos brâmanes. A sua aparição em Amarante estaria relacionada com os contactos que os portugueses estabeleceram com aquelas regiões desde o século XVI, tendo sido presumivelmente pela mão de um comerciante do Porto, ou mesmo de Amarante, que estas fantásticas imagens aqui terão chegado, sendo interpretadas como simpáticas figuras diabólicas, à volta das quais se desenvolverá toda a tradição que lhes ficou associada.
A história destes mafarricos amarantinos não é feita, porém, apenas de festas e sucessos. Prova disso é que o diabólico casal que hoje se pode observar não é o original, mas sim uma nova versão concebida nos inícios do século XIX para substituir os iniciais que haviam sido queimados pelos franceses.
Com efeito, na sequência das Invasões Francesas, Amarante foi palco em 1809 de um heróico episódio da resistência portuguesa quando, durante 14 dias, a povoação impediu o avanço de uma força napoleónica. Dirigidos pelo general Silveira, os guerrilheiros amarantinos barricaram-se à entrada da ponte, na margem esquerda, impossibilitando assim a avançada francesa. A factura, no entanto, foi bastante cara. Na margem direita o exército invasor pilhava, destruía e incendiava toda a povoação. E o casal de diabos não escapou. Até porque, dentro do mais genuíno espírito anticlerical que caracterizava as tropas de Napoleão, as igrejas e os símbolos religiosos dos portugueses eram alvos prioritários nos saques e destruições.
O desaparecimento dos diabos originais teve, porém, contornos especiais e serviu como uma clara represália e medida provocatória junto da população dada a resistência que esta oferecia. Retirados da igreja do Mosteiro de S. Gonçalo onde se encontravam, os diabos foram vestidos pelos franceses com as roupas dos frades e assim exibidos, em procissão, pelas ruas da vila. Finalmente foram queimados.
Mas qual “Fénix”, também os “diabos de Amarante” renasceram das cinzas. Pouco tempo depois das invasões, por suposta encomenda dos frades do Mosteiro, novo casal demoníaco é concebido e esculpido em madeira pelo mestre entalhador António Ferreira Carvalho, com oficina junto à fonte de Seixedo, que por tal motivo ficou conhecido por “Ferreira dos Diabos”.
Colocados novamente na igreja, mais precisamente na sacristia, coube-lhes, no entanto, a “penitência” de servirem de suporte à Cruz e à umbela do convento. E aí permaneceram durante várias décadas, atraindo a atenção dos curiosos e a continuação das oferendas pois “mal nunca fez estar de bem até com os diabos”.
Em 1870, contudo, o diabo e a diaba voltariam a passar um mau bocado. Classificados como diabólicos e indecentes pelo Arcebispo de Braga, indignos de partilharem o mesmo espaço com os santos, foram expulsos da sacristia pelas autoridades eclesiásticas de Amarante. Pena apesar de tudo relativamente leve se tivermos em conta que, por vontade do Arcebispo, eles teriam sido queimados.
Arrumados e escondidos durante alguns anos numa arrecadação da Câmara, acabaram, apesar de alguns protestos, por ser vendidos por três libras cada um a um inglês do Porto: Mister Alberto Sandeman. Viajaram então até Londres onde, comodamente instalados num palácio, eram exibidos como curiosos exemplares da superstição lusitana. Mas não se ficaram pela capital inglesa. Em 1889, por exemplo, acompanhando os vinhos do Porto da firma do seu novo proprietário, o casal diabólico é exibido na Exposição Internacional de Paris. Mas o exílio não demoraria muito mais...
Em 1910 os demónios são gratuitamente devolvidos a Amarante. Da grande festa que então se realizou, para registar o regresso dos “bons filhos” à terra natal, deixou Teixeira de Pascoaes um belíssimo texto do qual não resistimos a citar: “Lá vêm eles! Lá vêm eles! E vem a câmara municipal e a banda musical. Foram esperá-los à estação ferroviária, como sinal de alegria pelo regresso das maléficas Potestades (...). São de tamanho natural (se a medida humana é a mesma dos demónios) e ambos de madeira preta, é claro. Madeira? Para os olhos das crianças e dos populares é carne autêntica, dessa que veste os esqueletos (...). O Diabo, natural da África do outro mundo, tem um busto Negro e grossos beiços vermelhos ou incandescentes de ironia. A Diaba é também uma Negra da Guiné subterrânea, com duas tetas enormes, pontiagudas, donde saiu a Via-Láctea (...) atrai longa fila de pequenos diabos ou diabretes, que seguem atrás dos dois andores. São todos os garotos da vila diabolicamente mascarados. Deitam lume pela boca, ostentam chifres retorcidos, na testa, arrebitam a cauda petulante (...). Saltam, berram, bufam relâmpagos, fazem trejeitos dum cómico fabuloso, em que surge, esboçada no ar, a inocente caricatura do Mal.”

Contudo, não obstante terem sido recebidos como heróis, como se mantinha a ordem de expulsão da sacristia o casal de mafarricos não pôde voltar para a igreja. Mas ficou muito próximo: em pleno Convento de S. Gonçalo que, com a extinção das ordens religiosas na primeira metade do século XIX, passou a albergar uma série de serviços maioritariamente afectos ao município. Entre eles, e desde 1947, o Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso onde os diabos passaram a figurar como testemunhas privilegiadas e curiosas dos usos e tradições locais. E uma referência obrigatória da Memória Colectiva de Amarante porque, como deixou bem expresso Teixeira de Pascoaes: “Lá vêm eles! Lá vêm eles! São ele e ela, em dois andores, transportados aos ombros de altos dignatários da Treva. Assim vão os Santos nas procissões, que um demónio é um santo às avessas, negro em vez de branco, temido em vez de amado, um santo para baixo até às Profundas.”